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Na década de 60, o líder soviético Nikita
Kruschev define as bases de uma nova etapa da bipolarização, a da
coexistência pacífica. A luta entre os sistemas capitalista e socialista
deve ser travada, prioritariamente, no campo econômico, e não no
bélico. O mundo inteiro acaba implicado no conflito entre as duas
superpotências. A divisão em dois blocos se intensifica até que a crise
dos mísseis de Cuba quase provoca uma verdadeira guerra nuclear em 1962
– episódio que poderia ter acabado com a vida no planeta. Nos anos 70,
Leonid Brejnev, presidente da União Soviética, procura diminuir a tensão
entre as duas superpotências, assinando alguns acordos com os Estados
Unidos. Começa a Détente ou Distensão, mas as alianças internas nos dois
blocos continuam até a queda dos regimes comunistas europeus.
A coexistência pacífica
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Buscando evitar a todo o custo o confronto direto entre as duas
grandes potências, a estratégia da coexistência pacífica (formalizada
pelo líder soviético Nikita Kruschev) desloca a Guerra Fria para os
campos da economia e da tecnologia. As novas relações possibilitam
algumas aproximações entre os tradicionais rivais, mas não garantem o
fim das hostilidades e tensões. No início dos anos 60, duas graves
crises confirmam que, apesar do fim da fase mais aguda, a Guerra Fria
continua presente: as crises do muro de Berlim, em 1961, e dos mísseis
de Cuba, em 1962.
A crise em BerlimNo
final da Segunda Guerra, o Acordo de Potsdam (1945) divide a derrotada
Alemanha nazista e sua capital em quatro zonas de ocupação entre os
Aliados (União Soviética, Estados Unidos, Grã-Bretanha e França). Em
1948, para impedir medidas do bloco ocidental que resultariam na
formação de um Estado alemão separado, a União Soviética impõe um
bloqueio em Berlim, cidade encravada em sua zona. Os acessos rodoviários
e ferroviários para a cidade são fechados, exigindo que britânicos e
norte-americanos montem uma ponte aérea para abastecer Berlim Ocidental.
Depois desse incidente, surgem as Repúblicas Federal da Alemanha
(Ocidental) e Democrática Alemã (Oriental), respectivamente alinhadas
com o bloco capitalista e o socialista.
A construção do muro de Berlim
O
interesse em impedir fugas para o lado capitalista de Berlim leva a
União Soviética a erguer na noite de 12 para 13 de agosto de 1961 uma
cerca de arame farpado e postos de vigia. Mais tarde, a cerca é
substituída por um muro de alvenaria. Mais do que dividir uma cidade, o
'muro da vergonha' separa fisicamente famílias, ideologias e o mundo,
colocando cada parte sob influência de uma das superpotências. A queda
do muro de Berlim, em 1989, representa o fim da Guerra Fria.
Corrida espacial
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As pesquisas em ciência espacial se transformam numa área de
rivalidade entre os Estados Unidos e a União Soviética. A corrida
espacial acarreta o aumento do prestígio e grandes avanços científicos,
tecnológicos e militares. A exploração espacial começa em 4 de outubro
de 1957, quando é lançado o primeiro satélite em órbita da Terra pela
União Soviética, o Sputnik 1. O feito russo abala o bloco capitalista,
especialmente os Estados Unidos, que acreditam em sua superioridade no
campo científico. A competição aumenta quando, um mês depois do Sputnik
1, os soviéticos lançam um satélite maior, o Sputnik 2, levando a bordo a
cadelinha Laika. Somente em 31 de janeiro de 1958 os Estados Unidos
conseguem colocar em órbita seu primeiro satélite, o Explorer.
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Em 20 de julho de 1969, o homem pisa pela primeira vez na Lua. |
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A chegada à Lua
Na
busca de desvendar a Lua, novamente os soviéticos saem na frente, por
meio do programa Luna, quando o Luna 1 vence a gravidade da Terra e
envia fotos do lado escuro do satélite. Os norte-americanos só conseguem
igualar o feito dois meses depois, com o Pioneer 4. Em 1961, os
soviéticos obtêm um notável triunfo ao lançarem ao espaço o primeiro
satélite tripulado, e Yuri Gagárin torna-se o primeiro astronauta da
história. Mas, em 20 de julho de 1969, os norte-americanos conseguem
tomar a dianteira na corrida espacial, com a chegada dos primeiros
astronautas à Lua: Neil Armstrong, comandante da Apolo 11, torna-se o
primeiro homem a pisar no satélite.
A Guerra do Vietnã (1960-1975)
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No Sudeste Asiático, a longa luta pela libertação do domínio
francês tem na Guerra da Indochina (1946-1954) seu principal alicerce – a
descolonização asiática continua avançando. A Conferência de Genebra
estabelece as regras do pós-guerra: reconhecimento da independência do
Vietnã, do Camboja e do Laos, ficando o Vietnã dividido pelo paralelo 17
em Vietnã do Norte e Vietnã do Sul, com sua reunificação determinada
para 1956, após eleições gerais.
Diferenças entre os Vietnãs do Norte e do Sul
O
governo de Ho Chi Minh, no Vietnã do Norte, busca preparar o país para a
reunificação. Suas principais realizações são a reforma agrária
radical, uma economia planificada e uma segura política educacional para
acabar com o analfabetismo. Enquanto isso, no sul, o governo de Ngo
Dinh Diem, em 1955, cancela as eleições e instaura uma ditadura militar
oposta à reunificação do país. O terror é instalado no sul, que conta
com o apoio militar dos Estados Unidos: contínuas perseguições às seitas
budistas e às minorias étnicas, tribunais militares de exceção, campos
de trabalho forçado são criados para reprimir os opositores,
principalmente contra o 'perigo comunista'.
O início da guerra
Em
1960, o governo do Vietnã do Sul tem de enfrentar a rebelião de uma
guerrilha comunista (ou Vietcongue), braço armado da Frente de
Libertação Nacional, apoiada pelo Vietnã do Norte. Os Estados Unidos
decidem intervir no conflito: chegam a enviar meio milhão de soldados
para combater o Vietcongue e bombardeiam maciçamente o Vietnã do Norte,
atacando inclusive a população civil. Suas armas químicas desmatam
florestas, poluem os rios e tornam o solo improdutivo.
Conflito generalizado
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Durante a Guerra do Vietnã, soldados americanos são transportados de helicóptero. |
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Em 1968, guerrilheiros vietcongues e tropas norte-vietnamitas
desfecham contra o Vietnã do Sul a Ofensiva do Tet, alcançando Saigon e
muitas capitais provinciais. As contínuas vitórias vietcongues causam
grande abalo e muitas baixas para os Estados Unidos, forçando a Casa
Branca a perceber que o impasse só pode ser resolvido pela via
diplomática. O conflito se generaliza em 1970, com a invasão do Camboja e
a intervenção no Laos por tropas norte-americanas. O desgaste material e
humano, o interesse norte-americano em concretizar a aproximação
política com a China comunista (para neutralizar a influência soviética
sobre a Ásia em geral), a pressão dos movimentos pacifistas nos Estados
Unidos e os escândalos políticos relacionados à administração Nixon
levam à saída gradual das tropas americanas do Vietnã, formalizadas no
Acordo de Paris, em 27 de janeiro de 1973.
O fim da guerra
O
fim da guerra ocorre em 1975, com a conquista de Saigon pelas tropas
vietcongues. A reunificação vietnamita torna-se realidade e o país passa
a ser denominado República Socialista do Vietnã, com a capital em
Hanói. Saigon é rebatizada em homenagem ao maior líder comunista
vietnamita, Ho Chi Mihn.
A crise dos mísseis
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Em 1961, a tentativa frustrada de invasão a Cuba, organizada pelos
Estados Unidos, com a participação de cubanos treinados pela CIA em
Miami, fortalece a aproximação entre Cuba e União Soviética, levando
Fidel a aderir ao marxismo. Em plena Guerra Fria, a Revolução Cubana
causa forte impacto em todo o continente americano, mas Cuba tem de
administrar as consequências de sua adesão ao bloco socialista: bloqueio
econômico e naval determinado pelos Estados Unidos e sua expulsão da
Organização dos Estados Americanos (OEA). Em 1962, Fidel Castro decide
estreitar os laços com a União Soviética. Os soviéticos instalam mísseis
nucleares em Cuba. Sabendo disso, os Estados Unidos preparam uma
invasão à ilha. A União Soviética, por sua vez, apóia seu aliado
caribenho. Durante alguns dias, teme-se a possibilidade de ataques
nucleares entre as duas grandes potências. No fim, a União Soviética
retira seus mísseis e os Estados Unidos se resignam a aceitar o fim do
monopólio ideológico no continente americano.
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1968, o 'ano que não terminou'
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Sinônimo de rebeldia e contestação, o ano de 1968 destaca-se numa
década de transformações e contestações dos dois lados do Atlântico,
inclusive no Brasil. Aqui, acontecem passeatas e manifestações contra o
governo militar e greves operárias, culminando com a imposição do AI-5
(Ato Inconstitucional nº 5) pelo presidente Costa e Silva, medida que
acaba por reforçar o autoritarismo. Na França, estudantes universitários
protestam contra as reformas educacionais, reivindicando também maior
liberdade e criticando o conservadorismo. As manifestações de 'Maio de
68', particularizadas por unir estudantes e trabalhadores numa greve
geral, passam a ser reprimidas pelo governo. Acordos trabalhistas, a
chegada das férias e a violência dos confrontos esvaziam o movimento. Em
junho, eleições gerais reafirmam a força do presidente, o general
Charles De Gaulle.
A Primavera de Praga
Na
então Tchecoslováquia, desde o início do ano de 1968 reformas
pretendiam modernizar a economia e transformar o papel do Estado. Com o
apoio de intelectuais, operários e estudantes, o presidente Dubcek busca
uma via própria e mais humanizada de socialismo. Esse reformismo
encontra seu maior opositor na União Soviética, liderada por Leonid
Brejnev. A fim de manter sua hegemonia no Leste Europeu, tropas do Pacto
de Varsóvia invadem a Tchecoslováquia. Dubcek e companheiros são
presos, enviados a Moscou e expulsos do Partido. A 'Primavera de Praga'
termina sob repressão, da mesma maneira como ocorrera na Hungria, em
1956.
O movimento negro nos Estados Unidos
Nos
Estados Unidos, agrava-se a questão racial. O movimento negro se divide
numa ala pacifista – sob o comando de Martin Luther King, que defende a
'desobediência civil' e a não-violência – e em outra ala radical,
partidária da violência e do confronto com os brancos, os Panteras
Negras. Intensifica-se também o ambiente de protestos contra a
participação norte-americana na Guerra do Vietnã e contra a própria
Guerra Fria. Choques entre brancos e negros e os assassinatos, em 1968,
de Martin Luther King e do candidato à presidência Robert Kennedy
sinalizam tensões na sociedade americana, substituindo o apoio
incondicional nacional dos anos 50.
O agitado ano de 1979
Já
no final da década de 70, um ano ficaria marcado pela quantidade de
acontecimentos que marcariam a história: 1979. Os destaques ficam para a
derrubada do ditador Somoza, na Nicarágua, a assinatura do Acordo de
Camp David, entre Egito e Israel, a Revolução Iraniana, que colocou no
poder o aiatolá Khomeini, e o início da guerra do Afeganistão.
Nicarágua
Na
Nicarágua, a derrubada do ditador Somoza pela guerrilha da Frente
Sandinista marcou o início de um novo regime apoiado por Cuba e pela
União Soviética, gerando uma violenta reação capitalista, financiada
pelos Estados Unidos.
Détente ou Distensão
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Durante a década de 70, a Guerra Fria apresentou uma nova relação
entre as duas superpotências, encaminhada pelos seus líderes (Brejnev
na União Soviética e Nixon nos Estados Unidos). Conhecida por Détente ou
Distensão, essa relação se desenvolveu no contexto da crise do petróleo
e foi marcada pela assinatura dos primeiros acordos sobre a corrida
armamentista.
A diplomacia triangular
As
relações sino-soviéticas começaram a estremecer a partir de 1960, em
consequência da autonomia do programa nuclear chinês. A emergência de
uma política externa autônoma chinesa possibilitou uma nova dinâmica na
Guerra Fria, que substituiu a tradicional rigidez por relações mais
fluidas, típicas do período da Détente. O processo de aproximação entre
Estados Unidos e China, importante marco do período, e a retirada das
tropas norte-americanas da Guerra do Vietnã, criaram as condições para a
diplomacia triangular, forçando a União Soviética a encarar a China
como nova e potencial inimiga.
Fim da corrida armamentista
Os
primeiros sinais de que as superpotências pretendiam diminuir a
escalada armamentista foi a assinatura do Salt-1, em maio de 1972. O
acordo limitou o número de mísseis antibalísticos que cada país poderia
produzir e congelou por cinco anos a construção de plataformas fixas ou
submarinas de mísseis balísticos intercontinentais. A ratificação do
Salt-1 aconteceu em 1979, com a assinatura do Salt-2, apesar da delicada
situação entre as duas superpotências, devido à invasão soviética do
Afeganistão e às Revoluções na Nicarágua e no Irã, que praticamente
congelaram a Détente.
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