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Qual é o menor país do mundo?

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É o Vaticano, sede da Igreja Católica e residência oficial do papa. Com apenas 0,44 quilômetro quadrado encravado no coração de Roma, na Itália, a menor nação do mundo se tornou independente em 1929. Apesar de ter sua soberania reconhecida pela maioria das nações do planeta, o Vaticano não é considerado um país autônomo pela Organização das Nações Unidas, a ONU. "Oficialmente, o país é uma teocracia, ou seja, governado por Deus e representado pelo papa. A ONU não aceita a teocracia como regime", diz o escritor Luiz Gintner, estudioso de países com menos de mil quilômetros quadrados. Além do Vaticano, existem outras nações nanicas que conseguiram se livrar de seus países de origem, como as Ilhas Marshall, que se tornaram independentes dos Estados Unidos em 1986, e São Cristóvão e Névis, que se desligaram de Portugal em 1975.
"Na teoria, qualquer um pode tomar posse de um pedaço de terra que não pertence a ninguém e proclamá-lo um país", afirma Luiz. Na prática, porém, a coisa não é tão fácil assim. Primeiro, é preciso que o tal território esteja em águas internacionais, onde ninguém governe. Depois, um lugar que deseje se tornar uma nação precisa ter uma série de características para merecer a independência: povo, território, bandeira, selo, hino, leis, sistema de defesa e, em alguns casos, idioma e moeda próprios. Se tudo isso for cumprido, a idéia maluca pode até fazer algum sentido. Pelo menos foi assim que pensou o major aposentado Roy Bates. Ao lado da mulher e dos filhos, o inglês tomou posse de uma base marítima abandonada no Mar do Norte, perto da Grã-Bretanha, criou uma constituição, compôs um hino e declarou a independência do lugar em 1967, batizando-o de Principado de Sealand. Apesar da insistência do folclórico major, nenhum país do mundo reconhece a soberania de sua plataforma metálica.

Os dez maiores nanicos Grande parte das micronações importa recursos básicos, mas mantém o charme com o turismo 1 - VATICANO (0,44 KM2)
Considerado um enclave religioso em Roma, capital da Itália, o menor país do mundo tem cerca de 900 habitantes, todos membros da Igreja ou funcionários do clero. A cidade tem seu próprio sistema de telefone, correio, estação de rádio, sistema bancário, farmácias e um batalhão de guardas suíços que cuida da segurança do papa desde 1506. Em compensação, suprimentos como água, comida, eletricidade e gás precisam ser importados da Itália. Para conseguir se manter, o Vaticano depende das doações de fiéis e da renda do turismo — o lugar é um dos pontos mais visitados da Europa.
2 - MÔNACO (1,9 KM2)
O principado ocupa uma estreita faixa na costa sul da França e tem fronteiras polêmicas. Algumas das mansões do lugar têm a sala em Mônaco e o quarto na França. De seus 30 mil habitantes, só 5 mil nasceram por lá — os demais são franceses, italianos e ingleses, atraídos pelo glamour desse famoso complexo turístico.
3 - NAURU (21 KM2)
Essa pequena ilha no Pacífico Sul sobrevive da exportação de guano, um fosfato de cálcio composto pelo cocô solidificado de pássaros pré-históricos, que usavam a ilha como banheiro há milhares de anos. Boa parte do mineral, que cobre cerca de 70% da ilha, é trocado por água importada, porque o país não possui nenhum rio ou nascente natural.
4 - TUVALU (26 KM2)
Arquipélago do Pacífico Sul que pode sumir por causa da subida no nível do mar, Tuvalu tem solos pobres para a agricultura. Para piorar, o aumento do nível do oceano também contamina a água potável e prejudica as plantações de coco, a maior fonte de renda dos 11 mil habitantes, agravando a dependência de comida importada.
5 - SAN MARINO (61 KM2)
Segundo a tradição, essa nação, localizada em um pico de calcário na região central da Itália, nasceu no século 4, quando um grupo de cristãos se estabeleceu por lá para escapar da perseguição romana. A partir de 1862, depois da formação das atuais fronteiras da Itália, uma série de tratados confirmou a independência da nação.
6 - LIECHTENSTEIN (160 KM2)
O soberano da nação, o príncipe Hans-Adam II, aparece na famosa lista da revista americana Forbes como terceiro governante mais rico. Espremido num território com poucos recursos naturais, Liechtenstein é o país campeão da ecologia: todas as florestas são áreas de proteção ambiental e não há indústrias pesadas por lá.
7 - ILHAS MARSHALL (181 KM2)
O arquipélago ganhou fama a partir de 1946, quando os atóis de Bikini e Enewetak foram palco para testes nucleares americanos durante 12 anos. Em 1983, 23 anos depois do início da descontaminação, os Estados Unidos aceitaram pagar indenizações aos habitantes do lugar como compensação pelos danos causados pelas explosões.
8 - SÃO CRISTÓVÃO E NÉVIS (269 KM2)
As duas pequenas ilhas de origem vulcânica foram visitadas por Cristóvão Colombo durante sua segunda viagem para a América, em 1493. Grande parcela da população emigra para outros países em busca de emprego, fazendo com que a remessa de salários obtidos no exterior seja uma das principais fontes de renda do arquipélago.
9 - MALDIVAS (298 KM2)
Composta por mais de 1 300 ilhas de coral, Maldivas é um dos mais pobres — e mais estranhos — países do mundo. Só para dar uma idéia, os moradores são campeões mundiais de divórcios. Por lá, só é preciso repetir três vezes a intenção de se separar para que o divórcio seja consumado sem apelação.
10 - MALTA (316 KM2)
Como os malteses são um dos mais antigos povos católicos do mundo, a vida no arquipélago é fortemente influenciada pela religião: há 365 igrejas nas ilhas, uma para cada dia do ano. O maltês, a língua oficial do país, é uma fusão entre o árabe falado no norte da África e o italiano da Sicília, de onde a ilha fica a apenas 96 quilômetros.



Por que o jumento e o elefante foram escolhidos como símbolo dos partidos Democrata e Republicano nos Estados Unidos?


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A razão é a mesma pela qual o Palmeiras adotou o porco como seu mascote: um insulto que se transformou em motivo de orgulho. A primeira vez em que se associou o jumento ao Partido Democrata foi durante a campanha presidencial de 1828, quando a oposição tentou ligar a figura do animal às propostas populistas do candidato Andrew Jackson. O tiro saiu pela culatra: o democrata não só foi eleito como passou a usar o jumento para representar a firmeza da sua gestão. A história ficou esquecida por um tempo, até que em 1870 o chargista Thomas Nast rabiscou o bichão na revista Harper’s Weekly e o mascote pegou. Em 1874, o próprio Nast criaria o elefante republicano, publicando outro desenho que caiu no gosto do povo. Outros cartunistas gostaram da idéia e passaram a representar os animais - ora ressaltando seu lado bom, ora o ruim. Afinal, o jumento pode simbolizar tanto coragem, humildade e esforço quanto estupidez e teimosia. Já o elefante pode representar força e inteligência, mas também conservadorismo e pretensão. Aproveitando apenas o lado positivo, o Partido Republicano adotou o paquiderme como seu símbolo oficial. Os democratas não foram tão longe, mas, de vez em quando, usam um jumentinho como mascote.



 Que caracteriza o trabalho escravo hoje no Brasil?


Mão de Lazo, de 67 anos, escravizado numa fazenda do sul do Pará. Foto: Ricardo Stuckert
Mão de Lazo, de 67 anos, escravizado numa  fazenda do sul do Pará. Foto: Ricardo Stuckert
Para o artigo 149 do Código Penal brasileiro, o crime de escravidão é definido como "reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto". Já a Organização Internacional do Trabalho (OIT), tipifica a prática como "todo trabalho ou serviço exigido de um indivíduo sob ameaça de uma pena qualquer para o qual não se apresentou voluntariamente". Ou seja, na escravidão moderna não há tráfico nem comercialização, como acontecia na época colonial, mas a privação da liberdade continua sendo a principal característica da prática. Luiz Machado, responsável pelo Projeto de Combate ao Trabalho Escravo no Brasil da OIT, acredita que as condições atuais são ainda piores do que as sofridas pelos negros até o século 19, "hoje em dia, o indivíduo é descartável. Se um trabalhador fica doente ou morre, é fácil achar outra pessoa que vai se submeter a isso. Antigamente, os negros podiam ser castigados fisicamente, mas eram bem alimentados, já que um escravo saudável e forte era muito mais valioso".
Segundo estimativas da OIT, em 2005 havia 12.3 milhões de vítimas do trabalho forçado no mundo, 77% delas na Ásia. No Brasil, os números também não são animadores. Segundo cálculos da Comissão Pastoral da Terra, existem no país 25 mil pessoas submetidas às condições análogas ao trabalho escravo. Entre 2004 e 2008, o Ministério do Trabalho resgatou 21.667 trabalhadores nessa situação. Nesses casos, o empregador é obrigado a pagar indenização aos ex-funcionários, que também recebem seguro-desemprego por três meses.

Qual foi o pior acidente de carro da história?

por Giselle Hirata
A tragédia em Le Mans: 84 mortos e mais de 70 feridos
Foi o que ocorreu durante a corrida das 24 horas de Le Mans, na frança, em 1955. O piloto Pierre Levegh, da Mercedes- Benz, estava a 240 km/h quando tentou ultrapassar Lance Macklin, da Austin-Healy. O carro de Levegh capotou e voou para a arquibancada, explodindo logo em seguida.
O piloto morreu na hora e os destroços do carro atingiram os espectadores, matando 84 e ferindo mais de 70. Após a tragédia, a Mercedes se retirou do automobilismo e só retornou na década de 80.
Já o acidente com mais carros envolvidos aconteceu no Brasil, na rodovia dos Imigrantes, em 2011. Cerca de 300 carros se envolveram no maior engavetamento da história – que deixou uma pessoa morta e mais de 50 feridos.



Como o Corinthians é campeão mundial sem ter a Libertadores?

por Bruno Lazaretti
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O Timão disputou o primeiro Campeonato Mundial de Clubes da Fifa como convidado e conquistou o caneco. Desde 1960, o campeão europeu e o campeão sul-americano, vencedor da Libertadores da América, disputavam o título da temporada. Até que, em 2000, a Fifa resolveu testar um novo formato, com oito times: seis escolhidos pelas confederações continentais, mais Real Madrid - campeão mundial de 1998 - e um indicado pela CBF, já que o Brasil sediou o torneio. A Conmebol, confederação sul-americana de futebol, selecionou o Vasco pelo título da Libertadores de 1998 (quando o mundial foi realizado, porém, o Palmeiras era o então campeão sul- americano). O Corinthians entrou na disputa por ter vencido o Brasileirão de 1998. Mas por que não o de 1999? À época, a CBF afirmou que o resultado do campeonato brasileiro sairia só em dezembro, muito próximo ao mundial - o que não fez diferença, já que o Corinthians foi bicampeão em 99. Enfim, o Coringão bateu o Vasco na final e foi campeão mundial sem jamais ter conquistado a América do Sul.
PASSAPORTE CARIMBADO O Vasco é considerado o 1º campeão sulamericano pelo título de um torneio em 1948. Já o Palmeiras tentou fazer valer o título de campeão mundial por vencer a Copa Rio em 1951... mas a Fifa negou!
>> Em 2011 o Timão vai à Libertadores pela 9ª vez! Na melhor campanha, em 2000, perdeu a semifinal para o Palmeiras
FONTE: Fifa

Por que Tiradentes foi o único inconfidente enforcado?

por Gabriela Portilho
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Porque, entre aqueles que se rebelaram contra o domínio português, em 1879, Tiradentes era o de classe mais baixa – e o único que havia feito propaganda aberta do movimento.
Seu ofício de dentista (um trabalho braçal, malvisto na época) também pode ter pesado na decisão. Originalmente, porém, outros cinco também haviam sido condenados à morte pelo crime de lesa-majestade (traição à pessoa do rei). Mas foram perdoados pela rainha dona Maria I e expulsos para a África.
Para Tiradentes, não houve jeito: foi enforcado há 220 anos, em 21 de abril de 1792. Sua cabeça foi cortada e levada para a cidade de Vila Rica. O corpo, esquartejado, foi espalhado pelos caminhos de Minas Gerais. “Era o exemplo que ficava para aqueles que pensassem em questionar o poder de Portugal”, diz o professor de história Marco Antonio Villa, da Universidade Federal de São Carlos.



O casal Rosemberg era inocente – FALSO!
Acusado de espionagem, preso, condenado e executado em 1953, o casal sempre negou ter fornecido informações aos soviéticos. Mas novas provas mostram o contrário
por Olivier Tosseri

© AP PHOTO/GLOW IMAGES
Ethel e Julius Rosenberg são levados para a prisão depois de serem condenados à morte por traição em 29 de março de 1951
Julius e Ethel Rosenberg eram um casal de judeus nova-iorquinos comunistas. Em junho de 1950, David Greenglass, ex-mecânico das usinas atômicas de Los Alamos, foi preso. Ele reconheceu ter recebido dinheiro de um espião, Harry Gold, em troca do fornecimento de informações à União Soviética sobre os projetos da fábrica para a qual ele trabalhava. Greenglass acusou seu cunhado, Julius Rosenberg, de ser o cérebro do caso. O FBI prendeu Julius em 17 de julho de 1950 e, para fazer pressão, aprisionou sua mulher um mês depois. Eles foram condenados em março de 1951 por “conspiração com o objetivo de espionagem”, em pleno período anticomunista de “caça às bruxas” organizado pelo senador McCarthy.

Do chefe da acusação à escolha do procurador-geral Irving Saypol, apelidado de “o terror dos vermelhos”, para conduzir o caso, tudo contribuía para garantir uma pena pesada para o casal Rosenberg. Na prisão de Sing-Sing, perto de Nova York, eles negaram a culpa até o fim – em uma época em que a confissão poderia salvá-los da cadeira elétrica. Foram condenados à morte em 29 de março de 1951, o que deixou a opinião pública indiferente.

Mas o caso Rosenberg repercutiu e ganhou amplitude em 1952. Os comunistas proclamaram a inocência de Julius e Ethel e lançaram uma campanha mundial para salvá-los, denunciando um processo injusto. Moscou alimentou e explorou o caso, acusando os Estados Unidos de fascismo e antissemitismo; o que permitiu desviar a atenção do caso do complô antissemita dos “aventais brancos” (médicos), que Stalin organizava naquele momento na URSS. A opinião pública mundial comoveu-se, em vários países foram montados comitês de apoio que transcendiam as divisões políticas. O papa Pio XII chegou a pedir clemência



O que é a lenda do Santo Graal?

por Por Cíntia Cristina da Silva
É uma lenda que atribui poderes divinos a um cálice sagrado, que teria sido usado por Jesus na última ceia. Essa, porém, é uma versão medieval de um mito que surgiu muito antes da Era Cristã. Na Antiguidade, os celtas - povo saído do centro-sul da Europa e que se espalhou pelo continente - possuíam um mito sobre uma vasilha mágica. Os alimentos colocados nela, quando consumidos, adquiriam o sabor daquilo que a pessoa mais gostava e ainda lhe davam força e vigor. É provável que, na Idade Média, tal história tenha inspirado a lenda "cristianizada" sobre o Santo Graal. Na literatura, os registros pioneiros dessa fusão entre a mitologia celta e a ideologia cristã são do século 12. "As lendas orais migraram para textos de cunho historiográfico, desses textos para versos e dos versos para um ciclo em prosa", diz o filólogo Heitor Megale, da Universidade de São Paulo (USP), organizador do livro A Demanda do Santo Graal, que esmiúça esse tema.
Ainda no final do século 12, o escritor francês Chrétien de Troyes foi o primeiro a usar a lenda do cálice sagrado nas histórias medievais que falavam sobre as aventuras do rei Artur na Inglaterra. A partir daí, outros autores, como o poeta francês Robert de Boron, no século 13, reforçaram a ligação entre os mitos do cálice e do rei Artur descrevendo, por exemplo, como o Santo Graal teria chegado à Europa. Foi Boron quem acrescentou um outro nome importante nessa história: o personagem bíblico José de Arimatéia. Nos romances de Boron, Arimatéia é encarregado de guardar e proteger o Santo Graal. Apesar das várias referências cristãs, essas histórias não são levadas a sério pela Igreja Católica. "O cálice da Santa Ceia tem o valor simbólico da celebração da eucaristia. Já seu poder mágico é só uma lenda", diz o teólogo Rafael Rodrigues Silva, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Poderosa ou não, o fato é que essa relíquia cristã jamais foi encontrada de fato.
A jornada do cálice Romances medievais contam que, de Jerusalém, ele teria sido levado para a Inglaterra 1. Em Jerusalém, durante a última ceia com os 12 apóstolos, Jesus Cristo converte o pão e o vinho em seu corpo e seu sangue - esse sacramento, denominado eucaristia, é um dos pontos máximos dos rituais cristãos. O cálice usado por Cristo nessa ocasião é o chamado Santo Graal
2. Após a última ceia, Jesus é preso e crucificado. Um judeu rico que era seu seguidor, José de Arimatéia, pede autorização para recolher o corpo e sepultá-lo. Antes, porém, um soldado romano fere o corpo de Cristo para ter certeza de sua morte. Com o mesmo cálice usado por Jesus na última ceia, José de Arimatéia recolhe o sangue sagrado que escorre pelo ferimento
3. Após sepultar o corpo de Cristo, José de Arimatéia é visto como seu discípulo e acaba preso, sendo recolhido a uma cela sem janelas. Todos os dias uma pomba se materializa no local e o alimenta com uma hóstia. Mesmo após ser libertado, Arimatéia decide fugir de Jerusalém e ruma para a atual Inglaterra na companhia de outros seguidores do cristianismo. Ele cruza a Europa levando o Graal
4. José de Arimatéia funda a primeira congregação cristã da Grã-Bretanha, onde se localiza a atual cidade de Glastonbury. Nos romances medievais, nessa mesma região ficava Avalon, o lugar mítico que guardaria depois o corpo do rei Artur. Arimatéia prepara uma linhagem de guardiães do Santo Graal, pois o cálice dá superpoderes a quem o possui. Seu primeiro sucessor nessa missão é seu próprio genro, Bron
5. Com o tempo, o Santo Graal e seus guardiães se perdem no anonimato. Quem tenta reencontrar o objeto é justamente o rei Artur, que tem uma visão indicando que só o cálice sagrado poderia salvar sua vida e também o seu reino de Camelot - que ficaria onde hoje há a cidade de Caerleon, no País de Gales. Leais companheiros de Artur, os cavaleiros da Távola Redonda saem em busca do cálice, sem jamais encontrá-lo
Monarca fictício Histórias sobre o rei Artur se popularizaram no século 12 A cultura celta foi o ponto de partida não só do mito sobre o cálice sagrado, como também do personagem que tornou o Santo Graal popular no mundo inteiro. A criação do lendário rei Artur pode ter sido inspirada num homem de verdade, um líder celta, que teria vivido na Inglaterra por volta do século 5. Mas foi só a partir do século 12 que os primeiros textos com as aventuras de Artur e sua busca pelo Graal fizeram sucesso.
Formas imaginárias O objeto já foi descrito das mais diferentes maneiras Simples e redondo
A primeira vez que ele aparece num romance medieval é em Le Conte du Graal ("O Conto do Graal"), do francês Chrétien de Troyes, no século 12. Ele é descrito não como um cálice, mas como uma tigela redonda e simples
Luxuoso e talhado
Em outros textos, que permanecem de autoria desconhecida e são datados entre os séculos 12 e 13, o Graal aparece na forma de um cálice bastante luxuoso, talhado em 144 facetas incrustadas de esmeraldas
Divino e intocável
Em The Queste Del Saint Graal ("A Busca do Santo Graal"), texto do século 13 creditado ao francês Robert de Boron, o cálice é descrito como um objeto divino sem forma. Somente alguém puro e casto poderia tocá-lo

Por que o Piauí foi o único estado a ser colonizado do interior para o litoral?

Bem, essa é a versão mais conhecida da história, mas nem todos os especialistas concordam com ela. A explicação tradicional diz que o Piauí foi o único estado ocupado do interior para o litoral porque o povoamento de seu território começou nas fazendas de gado que se instalaram no sul da região. No resto do Nordeste, por outro lado, predominavam as plantações de cana-de-açúcar junto à costa, onde o clima era mais favorável para a agricultura e a proximidade com o mar facilitava a exportação. "Mas a tese de que o território piauiense foi desbravado do interior para o litoral é apenas uma afirmação que alguém escreveu um dia e que, de tanto ser comodamente repetida, tornou-se aceita", afirma o historiador Antonio Fonseca dos Santos Neto, da Universidade Federal do Piauí. Para reforçar essa idéia, o especialista aponta registros de expedições militares e religiosas que percorreram o litoral do estado antes que os criadores de gado estabelecessem seus rebanhos no interior.
Entretanto, o pesquisador faz côro com quem não considera que esses fluxos tenham, de fato, colonizado o litoral. "Povoar não significa apenas passar por um lugar, mas estabelecer-se permanentemente. Por isso, pensamos que a colonização começou com as fazendas de gado que ocuparam o sul do atual estado do Piauí", dizem os historiadores Alcebíades Costa Filho e Sérgio Brandim, do Arquivo Público do Piauí. Por causa dessa trajetória incomum, o Piauí é um dos poucos estados brasileiros banhados pelo oceano que não tem uma capital litorânea. No século 18, a tendência de consolidar o desenvolvimento no interior concretizou-se quando a vila de Oeiras, situada no centro do estado, tornou-se capital. Essa tradição continua até hoje: Teresina, a atual capital, é a única do Nordeste que não fica junto ao mar.
Na contramão da história Antes de o gado ocupar o sertão, jesuítas já desbravavam a costa
1. Antes do descobrimento, tribos indígenas habitavam a região do atual Piauí. A partir do século 17, tremembés e acroás foram expulsos ou mortos com a colonização. As principais ameaças eram os currais de gado, que roubavam espaço das aldeias, os bandeirantes, que dizimavam as tribos com a escravidão, e as missões jesuítas, que renegavam a cultura dos índios ao convertê-los ao catolicismo
2. Em 1607, grupos de padres jesuítas começam a viajar de Pernambuco rumo ao Maranhão. No caminho, atravessam o Ceará e chegam ao Piauí, fixando-se na região do delta do atual rio Parnaíba, o maior do estado. Durante todo o século 17, é intensa a presença de missões de catequização de índios nessa área próxima ao mar
3. Em meados do século 17, uma leva de migrantes saídos da costa do Maranhão também ocupa o litoral do Piauí. Reunia jesuítas e agricultores à procura de novas terras para plantar e criar gado. Como essa corrente enfrenta intensa resistência dos índios tremembés, não há registro de sua instalação definitiva na região
4. Nas décadas de 1660 e 1670, grupos de bandeirantes paulistas se embrenham pelo Piauí para caçar índios. Uma dessas expedições teria sido chefiada por Domingos Jorge Velho, que teria batizado o rio Parnaíba em homenagem à Santana do Parnaíba, sua cidade natal
5. Criadores de gado baianos sobem o rio São Francisco e instalam fazendas de gado no sul do estado a partir de 1671. Os índios resistem à chegada dos brancos, mas a tendência de desenvolver o interior se confirma com a fundação da sede do governo em Oeiras, no centro do estado, em 1712

 

Qual é a origem dos nomes dos países da América do Sul?


HOMENAGEM AO DESCOBRIDOR
Colômbia significa algo como "Terra de Colombo", numa homenagem óbvia ao navegador italiano Cristóvão Colombo (1451-1506), que, como todo mundo sabe, descobriu o continente americano em 1492.
DIVISÃO IGUALITÁRIA
O Equador foi batizado com o mesmo nome da linha imaginária que atravessa seu território e corta o nosso planeta ao meio. A palavra deriva do latim aequus, ou "igual", numa referência à divisão da Terra em duas partes iguais, os hemisférios Norte e Sul.
POLÊMICA INCA
A origem do nome Peru é controversa, com duas interpretações conflitantes. A primeira afirma que se trata de derivação do nome Birú, um importante chefe inca. Para a segunda, a mesma palavra significa também "terra de riqueza e esperança".
HERÓI LIBERTADOR
O general e estadista Simon Bolívar (1783-1830) tornou-se um dos principais heróis sul-americanos ao lutar pela independência de vários países da região, inclusive da própria Bolívia, batizada em homenagem a seu libertador.
O FIM DA TERRA
Antes mesmo da colonização, o Chile já era chamado assim pelos índios aimarás, que habitavam o norte do país. Na língua deles, a palavra chilli quer dizer "onde acaba a terra", referência à posição geográfica do território: o extremo oeste do continente.
PEQUENA VENEZA
A Venezuela deve seu nome a Américo Vespúcio (1454-1512), explorador italiano naturalizado espanhol. Ao visitar a região, ele encontrou indígenas que construíam suas casas em palafitas sobre as águas do lago Maracaibo, no noroeste do país. Isso o fez chamar o lugar de "Pequena Veneza": Venezuela.
PRATA FARTA
A Argentina impressionou seus descobridores pela grande quantidade de riquezas minerais encontradas em seu solo, principalmente prata. Daí vem seu nome, inspirado em argentum: prata, em latim.
ADEUS INDÍGENA
O Suriname tomou seu nome dos índios surinen, habitantes originais da região. Uma lembrança triste, uma vez que, quando os primeiros exploradores ali chegaram, a tribo já havia praticamente desaparecido, expulsa e dizimada por outros grupos indígenas que passaram a ocupar a área.
TERRA DAS ÁGUAS
A Guiana e sua vizinha Guiana Francesa - situadas entre os rios Orinoco, Amazonas e Negro, além de serem banhadas pelo Oceano Atlântico - eram conhecidas pelos nativos como guyana, termo que, em seu idioma, significa "terra de muitas águas". A Guiana Francesa obviamente leva esse adjetivo por ser possessão da França.
ÁRVORE EM BRASA
Essa aqui é moleza, hein? Produto de grande importância comercial no século XVI, a árvore de pau-brasil batizou nosso país, onde os colonizadores portugueses encontraram florestas fartas dessa madeira. "Brasil" quer dizer algo como "em brasa", referência à forte coloração avermelhada do tronco, utilizado para fazer corante.
O RIO É REI
O Uruguai acabou ganhando o mesmo nome que os índios tupis e guaranis haviam dado ao grande rio que atravessa seu território. No idioma deles, a palavra significa "rio dos caracóis".
CAMPEÕES AQUÁTICOS
Quando o Paraguai foi descoberto pelos espanhóis, a região era habitada por índios chamados payaguaes. Excelentes nadadores e hábeis navegadores, eles viviam às margens do rio que dava nome à tribo. O termo pode ser traduzido como "rabo de mar", "rio ornado" ou "rio que dá origem ao mar" - mas também identifica um tipo de papagaio.

Existiu realmente o Tio Sam, que simboliza os Estados Unidos?

Existiu. Ele se chamava Samuel Wilson (1766-1854) e tinha o apelido de Uncle (tio) Sam. Wilson era um comerciante que fornecia carne para o exército dos Estados Unidos. Como as embalagens vinham com as iniciais U.S. (de United States), os soldados diziam que as letras significavam Uncle Sam. A brincadeira se espalhou e o governo aproveitou para fazer uma caricatura do personagem, que passou a representar os Estados Unidos. "Ele era usado como símbolo da expansão americana, incentivando o nacionalismo", diz o historiador Sérgio Augusto Queiroz Norte, da Unesp. Tio Sam ganhou fama internacional na Primeira Guerra Mundial, quando foi criado o célebre cartaz com a frase I Want You (Quero você), chamando os jovens para se alistar. Em 1961, o Congresso americano oficializou a expressão Tio Sam como símbolo nacional.

Padres recebem salário?

por Luiz Romero
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Sim. Sacerdotes da Igreja Católica recebem a côngrua, remuneração mensal para cobrir despesas pessoais, como lazer e compras. Necessidades básicas, como casa, comida e convênio médico, são bancadas pela paróquia.
O salário varia de acordo com a grana que cada uma das 254 dioceses brasileiras arrecada com dízimo e serviços (batismos, crismas e casamentos). Na Arquidiocese de São Paulo, os padres ganham R$ 1 350 nos primeiros cinco anos e podem chegar a R$ 3 780 após 25 anos de serviço. O direito dos padres à remuneração é determinado pelo Código de Direito Canônico, criado em 1917.
Além de explicar a organização da Igreja e as punições reservadas a quem desrespeita as normas, o Código afirma que padres têm direito a férias e previdência social. Os clérigos paulistas, por exemplo, têm 30 dias de descanso anual e contribuem com o INSS desde o primeiro ano como seminarista para garantir a aposentadoria no fim da carreira.
FONTES Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Arquidiocese de São Paulo e Código de Direito Canônico





Por que os nazistas queriam exterminar os judeus?


Essa questão ainda divide os historiadores. Há aqueles para quem exterminar os judeus sempre fez parte dos planos de Hitler. Outros acreditam que essa política foi endurecendo aos poucos, até chegar ao terrível assassinato em massa. Mas não há dúvida de que a semente do anti-semitismo germinou bem antes de os nazistas chegarem ao poder na Alemanha (na década de 30). No final do século XIX, já havia, na Europa, uma boa dose de preconceito. Preconceito por motivos econômicos - os judeus eram vistos como manipuladores das finanças no mundo - e religiosos - eram acusados de terem entregue Jesus Cristo aos romanos. Na Alemanha, em particular, o anti-semitismo ganhou mais força por causa de teorias biológicas racistas. Os judeus eram classificados como uma "raça deformada", uma ameaça à "raça ariana" - descendentes dos árias, uma das etnias que formaram as populações européias.
Nessa visão preconceituosa, não eram só os judeus que deveriam ser perseguidos, mas outros supostos obstáculos à "pureza racial", como os ciganos, os deficientes físicos e os homossexuais, também assassinados em grande número nos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).





Como funciona e onde surgiu o coquetel-molotov?

Trata-se de uma bomba incendiária de fabricação caseira: uma garrafa cheia de combustível com um pavio no gargalo. Esse tipo de arma existe desde que se descobriram os poderes inflamáveis da gasolina, mas o nome surgiu na Segunda Guerra Mundial. Os guerrilheiros soviéticos utilizavam armas domésticas como essa para atacar o exército alemão e resolveram prestar uma homenagem ao chanceler (ministro das Relações Exteriores) e então presidente do Conselho de Ministros da antiga União Soviética: Vyacheslav Mikhailovich Molotov (1890-1986). O próprio chanceler chegou, inclusive, a encomendar uma grande quantidade de garrafas para atacar os invasores.
Vyacheslav Molotov deu nome à bomba caseira

Quais foram as maiores loucuras dos imperadores romanos?

por Roberto Navarro
Os imperadores romanos aprontaram de tudo: da nomeação de um cavalo para um alto cargo político ao assassinato de mães, pais, irmãos... Bem, pelo menos essas são as versões bizarras que, com o passar dos séculos, ganharam o status de verdade absoluta. O grande problema é que são loucuras difíceis de ser comprovadas pelos especialistas. O maior obstáculo é a credibilidade das pessoas que fizeram tais registros históricos. Muitos dos autores desses escritos eram inimigos de determinados imperadores, a quem procuravam retratar de maneira ridícula, exótica ou amalucada, usando, por exemplo, simples boatos como se fossem verdades. "A imagem negativa que temos de muitos imperadores vem do fato de que suas histórias foram redigidas, quase exclusivamente, por autores ligados ao Senado de Roma, que sempre foi hostil ao poder dos soberanos. Esses julgamentos representam uma visão preconceituosa e não uma avaliação objetiva das ações dos imperadores", afirma o historiador Norberto Guarinelo, da Universidade de São Paulo (USP). Outro ponto que precisa ser levado em conta é que as atitudes "malucas" dos imperadores romanos poderiam não ser consideradas tão loucas assim naquela época. Vale lembrar que essas histórias rolaram há quase 2 mil anos, quando os valores e costumes eram completamente diferentes dos de hoje. Por isso, dê um desconto - pequeno! - para algumas das doideiras que você vai ver aqui ao lado.
Um império muito louco Soberanos eram tão pirados que um chegou até a se castrar em público!
UMA DEMÊNCIA CAVALAR
IMPERADOR - Calígula
ÉPOCA - 37 a 41 d.C.
MAIOR ABSURDO - Provavelmente era só um boato, mas para todos os efeitos ficou para a história a versão de que Calígula teria nomeado seu cavalo Incitatus como cônsul, alto cargo de oficial público que tinha como principal função comandar exércitos.
OUTRAS LOUCURAS - Calígula ficou famoso por sua crueldade e pelas baixarias. Ele teria determinado que criminosos fossem servidos vivos como refeição para animais selvagens e foi acusado de ter transado com suas três irmãs.
GLADIADOR CAFÉ-COM-LEITE
IMPERADOR - Cômodo
ÉPOCA - 177 a 192
MAIOR ABSURDO - Cômodo costumava descer à arena para lutar como gladiador em violentos espetáculos públicos. Mas, ao contrário do que acontecia nos combates comuns, o imperador não corria grandes riscos: seus adversários sempre o deixavam vencer e depois tinham as vidas poupadas.
OUTRAS LOUCURAS - Além de se achar um gladiador invencível, Cômodo acreditava ser o semideus Hércules e exigia que o adorassem como tal.
ISSO NÃO ESTÁ CHEIRANDO BEM...
IMPERADOR - Cláudio
ÉPOCA - 41 a 54 d.C.
MAIOR ABSURDO - Desconfiado de que sua esposa promovia orgias com os amantes, ele teria ordenado que ela fosse executada, juntamente com 300 suspeitos de participar das festinhas.
OUTRAS LOUCURAS - Entre as "diversões" de Cláudio estaria o hábito de assistir às sessões onde criminosos eram torturados até a morte. Também tomava decisões folclóricas, como autorizar a livre flatulência durante os banquetes, ou seja, liberou geral o pum...
MATOU A FAMÍLIA E FOI AO SENADO
IMPERADOR - Nero
ÉPOCA - 54 a 68 d.C.
MAIOR ABSURDO - Nero jamais seria acusado de nepotismo, ou seja, de beneficiar os parentes. Ele foi responsabilizado pela morte de sua própria mãe, de sua primeira esposa e de ter mandado envenenar um meio-irmão.
OUTRAS LOUCURAS - Provavelmente não foi Nero quem provocou um incêndio arrasador em Roma. Mas isso não limpa seu "currículo" de outras bizarrices, como o suposto hábito macabro de lançar cristãos a cães ferozes e esfomeados, que os despedaçavam vivos.
CARACALA, O GRANDE... MALUCO
IMPERADOR - Caracala
ÉPOCA - 198 a 217
MAIOR ABSURDO - Mal saído da adolescência, a instabilidade mental de Caracala já preocupava aqueles que o cercavam. Em certa ocasião, quase esfaqueou o pai pelas costas, diante de todo o seu exército.
OUTRAS LOUCURAS - Detestava a esposa, que condenou ao exílio e mais tarde mandou matar. Admirador fanático de Alexandre, o Grande, passou a se vestir e a se comportar como o "ídolo".
IRMÃOS LITERALMENTE DE SANGUE
IMPERADOR - Domiciano
ÉPOCA - 81 a 96 d.C.
MAIOR ABSURDO - É acusado de ter causado a morte do próprio irmão e de ter executado um primo, além de esmagar com violência e crueldade qualquer tentativa de rebelião.
OUTRAS LOUCURAS - Paranóico e raivoso, Domiciano via suspeitos de conspiração por todos os lados, tratando-os como inimigos a serem exterminados. Implantou um regime de terror contra membros importantes do Senado e exigia ser tratado como um deus.
PRESENTE DE GREGO PARA O IMPÉRIO
IMPERADOR - Adriano
ÉPOCA - 117 a 138
MAIOR ABSURDO - Admirador da cultura de Aristóteles & Cia., Adriano decidiu reconstruir a cidade sagrada dos judeus, Jerusalém, adotando o estilo grego. Esse "capricho" teria agravado a insatisfação dos judeus, que iniciaram uma violenta revolta contra Roma.
OUTRAS LOUCURAS - Adriano chegou a ser chamado de "Nero bem-sucedido" pela megalomania de suas obras públicas - por onde passava, fazia grandes monumentos.
SEM SACO PARA O PODER
IMPERADOR - Heliogábalo
ÉPOCA - 218 a 222
MAIOR ABSURDO - Com um comportamento pra lá de excêntrico, esse maluco castrou-se publicamente em nome de um culto religioso!
OUTRAS LOUCURAS - Certa vez, tentou impor aos romanos a adoração de um deus estrangeiro. O povo também acreditava que Heliogábalo era travesti, crença reforçada por seu costume de indicar para altos cargos rapazes que se destacavam só pela beleza.


Como surgiu o sutiã?

por Thiago Velloso
Até hoje não se sabe como nem quando surgiu o primeiro modelo do acessório que, há séculos, auxilia a mulherada na implacável luta contra a gravidade. Existem registros de versões primitivas que remontam a mais de 2 mil anos, como mosaicos romanos mostrando mulheres com faixas de pano sobre os seios. Oficialmente, porém, a versão moderna do sutiã surgiu em 1914, quando foi patenteado por uma socialite norte-americana. Acompanhe a valorosa história desse amigão do peito feminino.
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TUDO EM CIMA
A saga feminina em busca do suporte perfeito
O INÍCIO DA LUTA
Quando: 2500 a.C.
Embora seja difícil precisar, acredita-se que o primeiro grito de guerra das mulheres contra a Lei da Gravidade tenha acontecido na ilha grega de Creta, berço da civilização minoica. A mulherada usava um corpete rústico feito de tiras de pano sobre os seios para deixá-los mais bonitos
SAFADEZA ANTIGA
Quando: 1500 a.C.
O uso da peça para sedução ganhou mais força na civilização grega. As mulheres de Atenas usavam vários tipos de corpete destinados a valorizar seu colo. Já entre as esportistas saradas de Esparta, o acessório servia para manter o busto sob controle durante treinos e competições
TEMPOS CAÍDOS
Quando: 800 a.C.
Os romanos valorizavam mais a forma corporal dos guerreiros do que a delicadeza do corpo feminino. E quem sofreu com isso foram os mamilos. As mulheres usavam faixas apertadas para reduzir o volume dos seios, com exceção das noites de orgia, quando os corpetes gregos voltavam com tudo
TORTURA MEDIEVAL
Quando: 900
Na Idade Média, surgiram os apertadíssimos espartilhos. Eles reinaram soberanos, em vários modelos, até o século 19. Se mantinha a silhueta esbelta, o asfixiante acessório também causou a morte de várias mulheres, que tiveram costelas quebradas e órgãos perfurados pelo uso da peça
UUUFA!
Quando: 1900
É difícil determinar quando, para o alívio feminino, os sutiãs menos complicados (e apertados) voltaram. Mas, no início do século 20, os modelos já começaram a se aproximar daquele que conhecemos hoje. A novidade teria sido introduzida pelas inglesas, sendo logo adotada e difundida pelas francesas
TÁ NA MODA
Quando: 1907
Foram as americanas que deram uma turbinada no sutiã com a publicação de uma matéria na revista Vogue sobre a nova peça, chamada pela revista de brassière, termo francês que remete a uma camisa pequena – na França, ela é chamada de soutien gorge, que significa“apoio para os seios”
ESPERTEZA AMERICANA
Quando: 1915
Embora o sutiã já fosse usado havia milênios, o título de inventora do acessório ficou com uma americana. Após causar frisson desfilando com um modelito feito de lenços de seda pelos salões da alta-roda de Nova York, em 1914, a socialite Mary Phelps Jacob acabou patenteando a peça no ano seguinte
ESTICA E PUXA
Quando: 1937
Mesmo já difundido no mundo da moda, a popularização do sutiã só veio mesmo com a invenção de um material mais elástico e resistente: o náilon. O novo tecido, patenteado pela empresa norte-americana Dupont, permitiu maior durabilidade, um ajuste mais confortável e uma queda no preço do produto
DESIGN SUPERSÔNICO
Quando: 1945
O bilionário norte-americano Howard Hughes usou suas habilidades de engenheiro de aviação para desenhar o famoso sutiã meia-taça para a atriz Jane Russel. Segundo ele, os modelos da época não faziam jus ao busto da beldade. Seu desenho levou à criação de peças em formatos mais ousados
FOGUEIRA DA VAIDADE
Quando: 1968
Ficou famoso, no fim dos anos 60, o episódio em que mulheres teriam queimado sutiãs em protesto contra o concurso Miss America e o machismo que ele representava. Elas até tentaram incendiar sapatos, revistas, maquiagem e sutiãs num latão, mas foram impedidas por seguranças


     Que invenções de guerra a gente usa hoje em casa?

por Roberto Navarro
Do computador ao chocolate, é enorme a lista de produtos criados para fins militares e depois adaptados para o uso no dia-a-dia. "Quase todos os materiais de nosso cotidiano empregam alguma tecnologia bélica", afirma o engenheiro João Luiz Hanriot Selasco, diretor do Instituto Nacional de Tecnologia, no Rio de Janeiro. Faz sentido - e se pensarmos bem, vamos encontrar o tempo todo produtos usados tanto na guerra quanto na paz. "Na cozinha, encontramos imediatamente a faca, que pode matar alguém ou só cortar um legume. É uma via de mão dupla - há passagens constantes do civil para o militar e vice-versa", diz o historiador Gildo Magalhães, da Universidade de São Paulo. Nestas páginas, reunimos os seis produtos mais inusitados que passaram do campo de batalha para a sala de estar. Limitamos a lista às inovações surgidas nos séculos 19 e 20 - e não ultrapassamos os muros de casa, senão teríamos de incluir coisas como o radar e a ultra-sonografia. Os avanços das pesquisas no mundo militar afetam, claro, os setores diretamente relacionados com a briga em si, como a fabricação de munições ou armamentos. Mas essa evolução sempre respinga nas tecnologias civis. Por exemplo, quando acabou a SegundaGuerra Mundial (1939-1945), o setor industrial dos Estados Unidos havia dado um salto tanto nos modos quanto na capacidade de produção. A idéia inicial era tornar as fábricas eficientes para detonar o inimigo, mas, com o fim dos conflitos, as indústrias estavam livres para revolucionar a produção de alimentos, de roupas, de meios de transporte e outras atividades.
Arsenal caseiroVários aparelhos do lar nasceram nos conflitos do século 20
INVENTOR - Percy Spencer
PAÍS - Estados Unidos
GUERRA EM QUE SURGIU - Guerra fria (1945-1991)
Quando a Segunda Guerra estava no fim, um funcionário da fornecedora militar Raytheon, o engenheiro Percy Spencer, notou que um chocolateem seu bolso derreteu quando ele inspecionava magnétrons, componentes usados em radares. Deduzindo que a meleca havia sido causada pelo calor gerado pelos magnétrons, Percy criou um aparelho para aquecer comida usando esse princípio. A Raytheon comprou a idéia e lançou o microondas.
CURIOSIDADE - O primeiro microondas pesava 340 quilos e custava de 2 mil a 3 mil dólares!
Chocolate M&M'S
INVENTOR - Forrest Edward Mars
PAÍS - Espanha / Estados Unidos
GUERRA EM QUE SURGIU - Guerra Civil Espanhola (1936-1939)
O empresário americano Forrest Mars ficou sabendo que tropas daGuerra Civil Espanhola comiam pelotas de chocolate envolvidas numa casca dura açucarada, que impedia o calor de derreter a guloseima. Inspirado na idéia, Mars criou os confeitos M&M’s, nome originado das iniciais dos sobrenomes de Mars e de seu sócio, Bruce Murrie.
CURIOSIDADE - Em 1941, o produto já estava no mercado, mas ganhou impulso quando o Exército americano passou a incluir os M&M’s na ração dos soldados que foram à Segunda Guerra. Em 1948, a embalagem de cartolina foi trocada pelo saquinho plástico que conhecemos hoje.
Panela de teflon
INVENTOR - Roy J. Plunkett
PAÍS - Estados Unidos
GUERRA EM QUE SURGIU - Segunda Guerra (1939-1945)
Em 1938, o químico Roy Plunkett realizava experiências com gases para refrigeração. Por acaso, uma amostra virou uma substância pegajosa, em que quase nada grudava. Em 1945, a invenção recebeu o nome de teflon. Os primeiros usuários do novo produto foram os militares americanos, que aplicaram o teflon para revestir tubos e vedações na produção de material radioativo para a primeira bomba atômica.
CURIOSIDADE - Depois do fim da Segunda Guerra, a empresa em que Plunkett trabalhava encontrou diversas aplicações para o teflon, como o revestimento não adesivo para panelas.
INVENTOR - Gail Borden
PAÍS - Estados Unidos
GUERRA EM QUE SURGIU - Guerra de Secessão (1861-1865)
Procurando uma forma de prolongar o armazenamento do leite, reduzir seu volume e contornar a falta de refrigeração, o inventor americano Gail Borden patenteou um método para fabricar leite condensado em 1856. A novidade ficou meio esquecida até o início da Guerra de Secessão, quando o exército dos estados do Norte incluiu o produto na ração das tropas, comprando grande quantidade de leite condensado.
CURIOSIDADE - Quando voltavam para casa de licença, os soldados contavam às famílias sobre o novo tipo de leite. O produto bombou tanto que a fábrica de Borden mal conseguia atender às encomendas.
INVENTOR - Engenheiros da Universidade da Pensilvânia
PAÍS - Estados Unidos
GUERRA EM QUE SURGIU - Guerra fria (1945-1991)
O primeiro computador, chamado de Eniac, surgiu nos Estados Unidos. Projetado para o Exército americano, o aparelho servia para ajudar nos cálculos de artilharia. O bichão ficou pronto em 1946 e ajudou nos cálculos para construir a bomba de hidrogênio, testada pelos Estados Unidos em 1952.
CURIOSIDADE - A máquina tinha mais de 2 metros de altura e ocupava uma área de 15 por 9 metros - algo como um armário gigante. Custou em torno de 400 mil dólares.
INVENTOR -Hippolyte Mège-Mouriès
PAÍS - França
GUERRA EM QUE SURGIU - Guerra Franco-Prussiana (1870-1871)
Na década de 1860, o imperador francês Napoleão III, sobrinho de Napoleão Bonaparte, ofereceu um prêmio a quem descobrisse uma alternativa barata para a manteiga - na época, um produto caro e escasso. Até hoje os historiadores discutem se o imperador fez isso para facilitar a vida dos franceses pobres ou para abastecer suas forças armadas, às vésperas da Guerra Franco-Prussiana.
CURIOSIDADE - Seja como for, o químico Mège-Mouriès apresentou amargarina, em 1869, levando o prêmio de Napoleão III.













RÚSSIA REABILITA O TZAR


por Graziella Beting

BIBLIOTECA BEINECKE, UNIVERSIDADE DE YALE
A czar Nicolau II e sua mulher Alexandra com as filhas Olga e Maria, em 1908

O Supremo Tribunal da Rússia acaba de conceder a plena reabilitação do último czar, Nicolau II, e sua família, considerados a partir de agora como vítimas de repressão política bolchevique. A decisão do Supremo Tribunal anula todas as outras anteriores, que negavam a reabilitação da família imperial.
Nicolau II fez parte da dinastia dos Romanov, que reinou de 1613 a 1917 na Rússia. Foi com a Revolução Russa que o czar caiu e, em 17 de julho de 1918, foi fuzilado, junto com seus familiares, por um pelotão bolchevique, no porão da casa Ipatiev, em Yekaterimburgo. Essa morte está rodeada de mistério, mas de acordo com a versão oficial, baseada nos arquivos secretos da KGB, em seguida os corpos foram levados para uma mina abandonada. Alguns foram queimados, outros imersos em ácido sulfúrico e depois enterrados numa fossa.
Os corpos dos Romanov só foram encontrados e identificados depois da queda do regime soviético. Em 1991, os restos mortais do czar, sua esposa e três filhas foram encontrados. Só em 2007 foram localizadas e identificadas as ossadas de Alexis e Maria, os dois outros filhos.
A reabilitação dos Romanov vem sendo feita aos poucos. Sob Bóris Iéltsin, os corpos foram sepultados, com direito a cerimônia na catedral de São Petersburgo. Para o então presidente da Rússia, a execução dos Romanov deveria ser vista como ato fundador de um século sangrento, o início de um período de terror. No ano 2000, a Igreja Ortodoxa canonizou os Romanov, como mártires.
Agora veio a decisão oficial, que está sendo vista como mais um sinal da reinterpretação da própria história que a Rússia vem fazendo desde o fim da era soviética. Recentemente, Nicolau II foi eleito o personagem russo mais ilustre em um concurso da televisão pública Rossia, com 400 mil votos à frente de Stálin.
Desde 1992, a Rússia tem uma lei sobre reabilitações. Já foram examinados mais de um milhão de casos, e 775 mil pessoas, condenadas durante o período soviético, foram reabilitadas. A recente decisão do Supremo foi motivada por uma ação judicial apresentada em 2005 pela grã-duquesa Maria Vladimirovna, descendente dos Romanov. Depois de conseguir ganho de causa, ela declarou não ter a intenção de pedir a restituição dos bens imperiais – temor que, segundo analistas, explica o fato de o governo russo ter demorado tanto para reabilitar o último czar.

É verdade que a França perdeu todas as guerras?

por Aurélio Amaral
Não, não é. A França já venceu disputas importantes, como a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), contra a Inglaterra, a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), que envolveu quase toda a Europa central, e outras batalhas com Napoleão Bonaparte. Mas as vitórias militares foram ofuscadas pelas derrotas políticas. “Os britânicos perderam a Guerra dos Cem Anos, mas, desde então, passaram a dominar os mares. Napoleão tentou abalar esse domínio e fracassou, reforçando a posição de inferioridade da França”, explica Eliana Silveira, professora de história medieval da PUC-RS.
A imagem de perdedora surgiu por causa da Inglaterra, mas a grande vilã foi a Alemanha, que tomou regiões da fronteira francesa na Guerra Franco-Prussiana (1870-1871) e por pouco não chega a Paris na Primeira Guerra (1913-1918). Na Segunda Guerra (1939-1945), as tropas de Hitler não só tomaram a capital como ocuparam boa parte do território francês. Os aliados salvaram o país das garras alemãs, mas não conseguiram salvá-la da fama de derrotada.

  
 I GUERRA MUNDIAL

Entre os anos de 1870 e 1914, o mundo vivia a euforia da chamada Belle Epóque (Bela Época). Do ponto de vista da burguesia dos grandes países industrializados, o planeta experimentava um tempo de progresso econômico e tecnológico. Confiantes de que a civilização atingira o ápice de suas potencialidades, os países ricos viviam a simples expectativa de disseminar seus paradigmas às nações menos desenvolvidas. Entretanto, todo esse otimismo encobria um sério conjunto de tensões.

Com o passar do tempo, a relação entre os maiores países industrializados se transformou em uma relação marcada pelo signo da disputa e da tensão. Nações como Itália, Alemanha e Japão, promoveram a modernização de suas economias. Com isso, a concorrência pelos territórios imperialistas acabava se acirrando a cada dia. Orientados pela lógica do lucro capitalista, as potências industriais disputavam cada palmo das matérias-primas e dos mercados consumidores mundiais.

Um dos primeiros sinais dessa vindoura crise se deu por meio de uma intensa corrida armamentista. Preocupados em manter e conquistar territórios, os países europeus investiam em uma pesada tecnologia de guerra e empreendia meios para engrossar as fileiras de seus exércitos. Nesse último aspecto, vale lembrar que a ideologia nacionalista alimentava um sentimento utópico de superioridade que abalava o bom entendimento entre as nações.

Outra importante experiência ligada a esse clima de rivalidade pôde ser observada com o desenvolvimento da chamada “política de alianças”. Através da assinatura de acordos político-militares, os países europeus se dividiram nos futuros blocos políticos que conduziriam a Primeira Guerra Mundial. Por fim, o Velho Mundo estava dividido entre a Tríplice Aliança – formada por Alemanha, Império Austro-Húngaro e Itália – e a Tríplice Entente – composta por Rússia, França e Inglaterra.

Mediante esse contexto, tínhamos formado o terrível “barril de pólvora” que explodiria com o início da guerra em 1914. Utilizando da disputa política pela região dos Bálcãs, a Europa detonou um conflito que inaugurava o temível poder de metralhadoras, submarinos, tanques, aviões e gases venenosos. Ao longo de quatro anos, a destruição e morte de milhares impuseram a revisão do antigo paradigma que lançava o mundo europeu como um modelo a ser seguido.


Rasputin se recusa a morrer
A alucinante história da morte do mago e curandeiro da realeza russa que, em uma única noite, foi envenenado, alvejado por tiros e mutilado, mas se recusou a morrer nas mãos de seus assassinos.
por Alain Frerejean

Museu das Duas Guerras, Paris/Gianni Dagli Orti/The Art Archive/Otherimages
Barba desgrenhada, cabelos maltratados e olhar magnético: em 1916, este filho de camponeses semianalfabeto era o homem mais poderoso da Rússia
Em 1916, Grigori Iefimovitch Novykh, vulgo Rasputin, era o homem mais poderoso da Rússia. Dizem que tinha um olhar penetrante e magnético, compatível com a fama de místico que ampliava seu poder pessoal. De fato, exercia indiscutível fascínio sobre o frágil czar Nicolau II e sua bem-amada esposa, a imperatriz Alexandra Feodorovna.
Mas o poder de Rasputin não era nem um pouco oculto. Apoiava- se na excepcional ascendência que tinha sobre os monarcas absolutos da Rússia de então. Ele nomeava ministros do mesmo modo que os derrubava.
Sua aparência era desagradável. Filho de camponeses (então chamados “mujiques”, sinônimo de pobreza associada à servidão), o mago era sujo e grosseiro: a barba estava sempre desgrenhada, e os cabelos eram compridos, maltratados e gordurosos. Mal sabia ler e escrever.
Príncipes e grão-duques ficavam chocados diante da visão daquele homem. A população o temia. A nobreza espalhava boatos de que ele seria o responsável por todas as agruras pelas quais o país passava na Primeira Guerra Mundial, e as más línguas o acusavam, infundadamente, de ser amante da czarina, além de agente da inimiga Alemanha. Alguns conspiravam para assassiná-lo, o que ele não ignorava.



O poder das amantes


Elas foram escolhidas por reis, mas não viraram rainhas. Mesmo sem coroa, algumas se tornaram tão poderosas que mudaram o mundo

por FERNANDA DE CASTRO LIMA | 04/10/2011 19h19
Desde pequena, Jeanne-Antoinette Poisson foi criada para ser a favorita de Luís 15. Bem-educada e perspicaz, conseguiu o que queria. Tornou-se a madame de Pompadour, uma das mulheres mais influentes da França. Como os casamentos reais eram fruto de acordos políticos e econômicos, o rei buscar amor e prazer nos braços de outras era natural. "Pais empurravam as filhas mais atraentes para os braços do rei, torcendo para que elas terminassem em sua cama", diz Robin Briggs, historiador da Universidade de Oxford (Inglaterra). "A amante tinha acesso direto ao rei e era vista como a mais interessada em seu bem-estar, além de ser uma fonte segura de informações sobre a corte", diz Kathleen Wellman, da Southern Methodist University, em Dallas (EUA). Daí vinha seu poder.

Panela velha

Nome: Diane de Poitiers (1499-1566)
Principal amante: rei Henrique 2º, da França
Esquisitice: ensinou posições sexuais para a rainha
Influência política: muito grande
Diane de Poitiers nasceu no último dia de 1499. Filha de nobres, casou muito jovem com Luís de Brézé, conde de Maulévrier, de 56 anos. Aos 18, com duas filhas, segurou no colo Henrique, futuro rei da França. Quando ficou viúva, afastou-se da corte por um longo período. Ao retornar, aos 30 anos, estava deslumbrante. O garoto Henrique encantou-se. Não se sabe, segundo a princesa Michael de Kent, o exato momento em que os dois viraram amantes. Henrique venerava aquela mulher quase 19 anos mais velha, mas se casou com a prima dela, Catarina de Médici. Quando ele tinha 17 anos, seu irmão mais velho e sucessor ao trono morreu. Diane, então, preparou o jovem amante para se tornar rei. Quando enfim virou monarca da França, em 1547, pôde assumi-la publicamente. Diane dava conselhos para assuntos de Estado e redigia as cartas oficiais, assinadas como “Henrique Diane”. Ela o encorajou a nomear ministros e tornou-se membro do Conselho Privado. Era tão devotada a Henrique que chegou a ensinar algumas posições sexuais à rainha, desesperada por não conseguir engravidar. Deve ter funcionado - Catarina teve 10 filhos. Henrique deu a Diane o castelo Chenonceau, joias, o título de duquesa de Valentinois e uma homenagem sem precedentes: uma moeda cunhada com a imagem da amada. Em 1559, durante os casamentos de sua irmã e de sua filha, Henrique organizou um duelo. A brincadeira acabou em tragédia: a lança do adversário entrou no olho do rei. Ele tinha 41 anos. Diana perdeu o amante e o poder político e foi banida da corte pela rainha. Morreu aos 67 anos.

Morriam por ela

Nome: Agustina Carolina Otero, La Belle Otero (1868-1965)
Principal amante: todos os reis e príncipes com quem se envolveu
Esquisitice: ganhou o apelido de “sereia dos suicidas”
Influência política: quase nenhuma


É difícil saber o quanto de sua biografia é verdadeira, já que a espanhola Carolina fantasiava histórias para se promover. Certo é que foi umas das dançarinas e cortesãs mais festejadas da Europa na belle époque. Dizia ser filha de uma cigana andaluz e de um soldado grego. Perdeu o pai ainda criança e passou a infância num internato. Aos 12 anos, aparentando muito mais, fazia shows de dança em salões. Foi para Lisboa e, nos teatros, passou a ser conhecida como La Belle Otero. Virou amante de um rico banqueiro e teve vários outros até se casar com um ator italiano - que abandonou ao pegá-lo na cama
com outra. Passou por Alemanha, Mônaco, Áustria, Rússia e Estados Unidos. Mas foi em Paris que alcançou seu auge com as apresentações na casa de espetáculos Folies-Bergère. Por todos os lugares, colecionou amantes reais. Entre eles, o czar Nicolau 2º, o príncipe Albert 1º de Mônaco, o rei Leopoldo da Bélgica, o príncipe Edward 7º do Reino Unido, Guilherme 2º da Alemanha, Alfonso da Espanha e o príncipe Pirievski, da Rússia - um dos 6 homens que teriam se matado por ela, o que rendeu à dançarina
o apelido de “sereia dos suicidas”. La Belle morreu aos 97 anos, de ataque cardíaco, pobre e sozinha.

 

De nobres a cocheiros

Nome: Barbara Villiers, condessa de Castlemaine (1641-1709)
Principal amante: rei Charles 2º, da Inglaterra
Esquisitice: era promíscua e tinha boca suja
Influência política: grande

Aos 18 anos, Barbara Villiers casou-se com o inglês Roger Palmer. Mas tornou-se amante de Charles 2º quando ele assumiu o trono, em 1660. Nove meses depois, dava à luz sua primeira filha. Palmer ganhou o título de conde de Castlemaine. No dia em que o rei se casou com a princesa portuguesa Catarina de Bragança, lady Castlemaine, numa afronta à nova rainha, pendurou “as mais finas camisolas e anáguas de linho por galhos e arbustos do jardim real”, conta Leigh Eduardo no livro Amantes. Dava palpites em negociações comerciais e favorecia algumas pessoas para depois cobrar o favor. Num debate com o rei, o premiê Clarendon disse que lady Castlemaine dava palpite demais. Charles o destituiu. Ela se deitava com qualquer um. Falava palavrões e gastava fortunas no jogo. Para pagar uma dívida de 30 mil libras, Charles usou o dinheiro de impostos. O ódio do povo desencadeou uma rebelião que resultou em bordéis queimados e homens condenados à morte. Após 8 anos, Charles a “aposentou”. Deu a ela o palácio de Nonsuch (que ela mandou demolir depois de depená-lo). Barbara morreu pobre aos 68 anos.

A barraqueira da Baviera

Nome: Lola Montez (1818-1861)
Principal amante: rei Ludwig 1º, da Baviera
Esquisitice: chicoteava quem atrapalhasse seu caminho
Influência política: grande – quase causou uma guerra civil


Maria Dolores Eliza Rosanna Gilbert, filha de um militar inglês, fugiu de um casamento arranjado e foi estudar dança na Espanha. Ao voltar para Londres, mudou de identidade: virou Lola Montez. Com direito a sotaque espanhol e cigarrilhas, fez sucesso nos teatros e correu o mundo. Em Berlim, em 1844, teve um romance com o pianista Franz Liszt. Em Paris, ficou amiga de Alexandre Dumas, Chopin, Delacroix e Victor Hugo. Em Munique, não conseguiu se apresentar no teatro local e, irritada, marcou uma audiência com o rei. Cansada de esperar por Ludwig 1º, teve sua blusa rasgada por um guarda ao tentar invadir seus aposentos. Ele a viu com o seio quase de fora - foi o início do relacionamento que chocou a Europa. O governo de Ludwig, até então pautado pela Igreja, balançou com as ideias anticlericais da amante. Ela derrubou o primeiro-ministro, torrava o dinheiro do rei, cuspia e dava chicotadas em quem tivesse ideias contrárias às suas. Ludwig, temendo uma rebelião, pediu que ela deixasse o país. Em 1857, quando a rainha da Baviera morreu, Lola aceitou o pedido de casamento de Ludwig, que abdicara do trono. Mas abandonou o marido ao descobrir que ele tinha sífilis.

 

Encantos de bruxa

Nome: Françoise Athénaïs, madame de Montespan (1641-1707)
Principal amante: rei Luís 14
Esquisitice: acusada de praticar magia negra
Influência política: pouca

Françoise-Athénaïs era bonita, tinha um belo corpo e postura impecável. Conheceu Luís 14 em 1661, no esplendor de seus 20 anos. O rei estava casado com Maria Teresa de Espanha, mas tinha um apetite sexual famoso no reino. Françoise, casada com o marquês de Montespan, estava insatisfeita com as jogatinas e com a arrogância do marido. O “encaixe” entre a bela e o monarca, entretanto, não foi imediato. Em 1664, Françoise foi escolhida como uma das damas de honra da rainha Maria Teresa. Em 1667, aí sim, virou amante de Luís 14. Inconformado, o marquês de Montespan pôs-se em luto, colocou enormes chifres em sua carruagem e adornou sua própria cabeça. Motivo de chacota, o rei o baniu de Paris. Em 1678, uma vidente embriagada falou de poções de envenenamento. Teve início uma investigação, chamada de “Câmara Ardente”, que revelou uma rede de bruxas e feiticeiras envolvendo nobres e padres. Françoise foi acusada de ter feito magia (com sacrifício de crianças e outras barbaridades) contra o rei e suas novas amantes. Em 1691, ela foi convidada a se retirar de Versalhes. Deixou o castelo insultando o rei, dizendo que fora obrigada a aguentar o cheiro dele por 12 anos - Luís tinha fama de não ser chegado a banhos e de exalar um odor infernal. //










O gosto pela História
por Mário Jorge Pires - Históriador e Doutor Ciências da Comunicação.
A existência de várias revistas de circulação nacional voltadas para a história é a prova de uma demanda até então reprimida. Nas últimas décadas, sofremos os efeitos de uma ênfase exagerada numa historiografia baseada na "grande síntese" e na filosofia da história. Na época da ditadura, passou-se da história fincada no culto aos grandes heróis ao seu extremo oposto. Essa passagem, entretanto, não representou, de fato, um enriquecimento intelectual. No plano do ensino, o resultado foi uma linha de trabalho em que a interpretação independia do fato.

Não mais se decorava datas, porém sabia-se na ponta da língua o esquema analítico do professor quanto aos conteúdos. História virou sinônimo de ideologia e a posição política do professor uma verdadeira ditadura sobre o aluno. Com isso, houve um rolo compressor sobre o que existia anteriormente. Os nomes e as personalidades dos antes protagonistas da história não interessavam mais e a cultura material produzida no passado ficou, quando muito, em segundo plano. Além das datas e dos nomes, foi se perdendo o sentido simbólico dos acontecimentos e das localidades históricas.

No afã de desmistificar os heróis, a historiografia dedicava solene desprezo a eventos como o Grito do Ipiranga, a Fundação de São Paulo, o suicídio de Getúlio Vargas. Que representatividade poderia ter, então, o Monumento do Ipiranga, o Pátio do Colégio ou o Palácio do Catete?

Paralelamente a isso, verificou-se um verdadeiro colapso da história regional. A "grande síntese" privilegiava o todo, não deixando espaço para a memória local. Exemplo triste é o descarte das obras dos memorialistas, consideradas desprezíveis por intelectuais e pelas bibliotecas públicas de muitas cidades do interior. Títulos como A cidade Naquele Tempo, Tradições e Reminiscências ou Evocações do Passado foram considerados banalidades de velhos reacionários e os livros vendidos como papel velho. Esse foi o caso de obras preciosas como a de Didi Andrade, cronista da cidade histórica de São Luís do Paraitinga, em São Paulo.

Como se não bastasse a situação do país e seus crônicos problemas sociais, o brasileiro começou a considerar a história de sua pátria como a única no mundo a não ter grandes nomes dignos de atenção. Todos não passavam de figuras ridículas e interesseiras. Tudo isso contribuiu para transformar a filosofia da história em opositora da história factual - confundida, muitas vezes, com história oficialista - e do aparato simbólico construído no passado.

Em resultado, quebrou-se, nas novas gerações, o vínculo empático com a história. Sem intimidade nem compreensão desse aparato simbólico legado pelo passado - no qual se inclui os antigos personagens, suas idéias, sentimentos e, principalmente, a cultura material de seu tempo - a história ficou desumanizada e com gosto de papel. Visitar um museu de história, tornou-se algo entediante, obrigação imposta por poucos e, geralmente, mal preparados professores. Parece que a retomada do gosto pela história deve passar, necessariamente, pela revalorização do material simbólico, uma vez que este não é fruto do acaso, pois teve aceitação coletiva e como tal, faz parte do patrimônio histórico e cultural da nação.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                       

Não havia higiene na Idade Média?
Os homens cheiravam mal e não trocavam de roupa, e os camponeses viviam com animais. Não existiam banhos, mesmo porque lavar-se não era coisa bem vista. Certo? Errado!
por Olivier Tosseri

Coleção Waldburg-Wolfegg, Castelo de Wolfegg
Banho público na Alemanha. Ilustração de manuscrito do século XV
Muita gente aprende nos bancos escolares ou em referências no cinema e em livros que os tempos medievais foram um zero à esquerda em matéria de asseio. Não é bem assim. Havia higiene na Idade Média, quando também se usava a água por prazer. Esse só não era um valor tão disseminado como hoje nas sociedades carentes, como em todos os períodos passados, de meios de educação abrangentes e democráticos.

Acervos preciosos de arte e objetos do período incluem itens usados na toalete de homens e mulheres, assim como iluminuras que representam pessoas se lavando. Os tratados de medicina e educação de Bartholomeus Anglicus, Vicente de Beauvais ou Aldobrandino de Siena, monges que viveram no século XIII, mostram uma preocupação real em valorizar a limpeza, principalmente a infantil.

A água era um elemento terapêutico e servia tanto para prevenir quanto para curar as doenças. Desenvolveram-se as estâncias termais e era recomendado e estimulado lavar-se regularmente. Como as casas não tinham água corrente, os grandes locais de higiene eram os banhos. Certamente herdados da Antiguidade, é provável que tenham voltado à moda graças aos cruzados retornados do Oriente, onde se havia conservado a tradição.

Nas cidades, a maioria dos bairros tinha banhos públicos, chamados de “estufas”, cuja abertura os pregoeiros anunciavam de manhã. Em 1292, Paris, por exemplo, contava com 27 estabelecimentos. Alguns deles pertenciam ao clero. O preço da entrada era elevado, e nem todos podiam visitá-los com assiduidade.

Na origem, os frequentadores se contentavam com a imersão em grandes banheiras de água quente. O procedimento se aperfeiçoou com o surgimento de banhos saturados de vapor de água. Utilizava-se o sabonete ou a saponária, planta que fazia a água espumar, para um melhor resultado. Para branquear os dentes, recorria-se a abrasivos à base de conchas e corais.

Tal era o sucesso desses locais que a corporação dos estufeiros foi regulamentada. Eles tinham direito a preços predeterminados e o dever de manter água própria e impedir a entrada de doentes e prostitutas. A verdade, porém, é que as estufas foram se transformando cada vez mais em lugar de encontros galantes: os banhos em comum e os quartos colocados à disposição dos clientes favoreciam a prostituição.

No século XIV, recorreu-se a éditos para separar os homens das mulheres, mas foi durante o século XV que se verificou uma mudança de mentalidade. A Igreja endureceu suas regras morais, pois passou a ver com maus olhos tudo quanto se relacionasse com o corpo. E os médicos já não consideravam a água benéfica, mas sim responsável e vetor de enfermidades e epidemias. Segundo eles, os poros dilatados facilitavam a entrada de miasmas e impurezas.

A grande peste de 1348 recrudesceu esse entendimento. Desde então, passou-se a desconfiar da água, que devia ser usada com moderação. Os banhos declinaram e, pouco a pouco, desapareceram. Foi preciso aguardar o século XIX e o movimento higienista para que se produzisse uma nova mudança de mentalidade.